José
Fernandes de Oliveira, o padre Zezinho, tem 45 anos de carreira. Nesse
tempo, já escreveu mais de 1.500 músicas e 300 livros. Aos 71 anos,
demonstra energia ímpar: tem mais cinco livros no prelo, seis CDs em
fase de produção, programas diários em rádios e dois programas semanas
em TVs católicas.
Padre Zezinho se destaca por sua forma crítica de abordar e exortar o
católico para rezar e buscar formação. “É preciso pensar como cristão,
não só sentir como cristão” é a frase que resume seu pensamento. Suas
músicas têm caráter espiritual e operacional: para ele, o cristão deve
ter uma dimensão profunda de oração, mas também de ação em prol da
comunidade.
Padre Zezinho fará um show especial na festa do Jubileu de Ouro do MCC do Brasil.
O que pouca gente sabe é que ele também tem sua história pessoal com o
movimento. O padre participou do Movimento de Cursilho de Cristandade no
Brasil no final da década de 1960 e ajudou na adaptação do método para
jovens.
Em entrevista ao MCC, ele fala sobre o Movimento e seu jubileu, o
papel do cristão e sobre sua missão. Aqui, você confere alguns trechos. A
entrevista completa será publicada na próxima edição da revista
Alavanca.
MCC – O senhor participou do Movimento de Cursilho de Cristandade?
Pe. Zezinho – Primeiro participei, por meio do chamado do Dom
Geraldo, que cuidava do movimento em São Paulo. Depois, fiz parte da
equipe que adaptou o Cursilho para os jovens, em 1968.
MCC – Qual foi a importância do MCC naquela época?
Pe. Zezinho – A palavra “Cursilho” já define qual era o propósito –
um pequeno curso. Não era um curso de quatro anos, nem pretendia ser um
trabalho exaustivo. Seria uma pequena introdução ao cristianismo, para
repescar os católicos que estavam fora ou trazer pessoas para o contexto
da Igreja. Teve muita força nos países da América Latina e no Brasil,
sobretudo entre 1968 e 1978 e nas grandes capitais. Com o tempo, o MCC
se ramificou em vários movimentos nascidos de quem fez o Cursilho:
podemos falar do Movimento Familiar Cristão, do ECC (Encontro de Casais
com Cristo). Muitos padres, seminaristas e até congregações muito
antigas, como os Vicentinos, foram reavivados com o Cursilho. Como
chamariz, primeiro convite ao católico afastado, funcionou muito. Muitos
adultos voltaram a ser católicos e outros foram convertidos pelo
contato com o Cursilho. Depois, o movimento perdeu um pouco sua força.
MCC – Por que o movimento perdeu a força na década de 1980?
Pe. Zezinho – Na verdade, a pedagogia da Igreja vai encontrando
respostas à medida que a Igreja é desafiada. O Cursilho surgiu quase ao
mesmo tempo que o Concílio Vaticano II, com toda a proposta de mudança
da igreja, a missão dos leigos – o Cursilho foi a primeira grande
resposta a isso. Depois, vieram outras necessidades e angústias. Vieram
outros desafios e surgiram outros movimentos.
MCC – Como o senhor enxerga o Jubileu de Ouro do Movimento?
Pe. Zezinho –Não é por acaso que o Movimento de Cursilho de
Cristandade do Brasil e o Concílio Vaticano II estão ambos fazendo 50
anos. É sinal de que o plano de Deus estava nos dois.
MCC – O Movimento aproveita a data para viver um
relançamento, fazer uma reavaliação de sua missão dentro da Igreja. O
que é preciso, na sua opinião?
Pe. Zezinho – Acho fabulosa a ideia do relançamento, da mesma forma
que a Igreja está reanunciando o Concílio, porque várias coisas faladas
há 50 anos ainda não foram feitas. Em vários movimentos católicos, desde
o antigo movimento operário, a linha mestra é a oração, o estudo da fé e
o compromisso social. Onde o estudo da fé amplia o conhecimento, onde o
envolvimento com a dor do outro (ação social) é forte e onde o espírito
de oração é forte, nós temos a perseverança dos membros. Quando um dos
componentes desse tripé é fraco, a pessoa procura outro caminho. Esse é o
segredo da força de qualquer movimento: onde o tripé existe, o
movimento segue forte. A grande força está nisso: um olhar pra dentro,
um olhar para o alto e um olhar para fora.
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