sábado, 13 de outubro de 2012

Ano da Fé

Ano da Fé

“A Porta da Fé que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós”.
No dia 11 de outubro de 2012, junto à comemoração do cinquentenário do Concílio Vaticano II e dos vinte anos de Catecismo da Igreja Católica, tem início o Ano da Fé. “Convite para uma autentica e renovada conversão ao Senhor”, conforme definiu o Papa Bento XVI, o Ano da Fé convoca os católicos a estreitarem suas relações com Cristo e intensificarem o testemunho da caridade.
A convite da Revista Ave Maria, Dom Roberto Ferreria Paz, bispo de Campos (RJ), mostra os caminhos para a vivência da fé no dia a dia e Ângela Cabrera analisa a presença e o significado da fé nos livros bíblicos.
Um caminho a percorrer
Por Dom Roberto Francisco Ferreria da Paz
Com a Carta Apostólica Porta Fidei, o Papa Bento XVI gloriosamente reinante, anunciou a abertura do Ano da Fé no dia 11 de outubro de 2012, que culminará na Festa de Cristo Rei, no dia 24 de novembro de 2013.
Essa mesma celebração de um ano dedicado à fé aconteceu em ocasião do 19º centenário dos apóstolos Pedro e Paulo, em 1967, sendo convocada pelo Papa Paulo VI e aprovada uma profissão de fé, atual e consubstanciada com a reflexão teológica do Concílio Vaticano II.
Estamos há 50 anos da abertura desse evento, que foi uma “verdadeira primavera da nossa Igreja”: uma transformação de suas estruturas, de sua mentalidade e forma de se relacionar com o mundo. Este novo Ano da Fé possibilitará refazer o itinerário que brota do Batismo e só é consumado na nossa morte terrestre, entrando definitivamente na vida eterna.
O atual Ano da Fé é um caminho para retomar o ato da fé em sua integralidade, que supõe o consentimento da razão, da vontade e que tem início no coração. Essa mesma fé deve ser confessada e testemunhada publicamente; a fé que o Concílio Vaticano II definiu como “viva, explícita e operosa”, deve ser cada vez mais fundamentada no conhecimento profundo da Palavra. Fé que anseia compreender e entender melhor, articulando um discurso sistemático sobre Deus e a pessoa humana, a criação e a salvação e, finalmente, o destino eterno.
A fé é uma virtude teologal que exige ser celebrada e alimentada, mas também vivenciada no dia a dia, confrontando os desafios do cristão inserido numa cultura relativista e certamente difusa e pluralista.
Antes podíamos supor a fé dos cristãos: hoje, a iniciação cristã passa a ser a principal urgência, pois não basta recebermos o Batismo se não formos introduzidos numa educação progressiva, gradual e permanente da fé. A fé deve ser partilhada e dialogada, porque a comunicação e a linguagem são fundamentais para alcançar o homem a mulher contemporâneos.
Nossa fé deve impulsionar o ecumenismo e a unidade dos cristãos, o diálogo e o entendimento entre as religiões, focalizando a defesa da vida e da integridade do planeta, a manutenção da paz e o serviço amoroso aos pobres, afirmando a dignidade da pessoa humana. Ele deve ser um caminho que ofereça alternativas à globalização perversa e excludente, promovendo um compromisso social em torno do trabalho decente, a inclusão de todos os povos e nações em prol de um desenvolvimento integral, solidário e sustentável. Isso nos levará certamente a aprofundar o vínculo profundo com a caridade.
Madre Teresa de Calcutá sempre dizia: “a caridade é a fé em ação, e o serviço é a caridade em ação”. Uma fé sem obras é uma fé morta, como nos exorta o Apóstolo Tiago (Tg 2,14-18). A fé verifica-se na prática cristã do seguimento de Cristo, que passa pela opção preferencial pelos pobres. Esse processo precisa ser enraizado nas culturas, humanizando-as e levando a sua plenitude em Cristo.
Uma fé que não se torna cultura corre o risco de definhar e se perder, ensinou o Beato João Paulo II.
O teologo João Luis Segundo, em seu grande legado que formou cristãos adultos e responsáveis, sempre considerava que o fiel cristão contribuía com as outras pessoas com serviço de sua fé, para juntos buscarem soluções plenamente humanas para todos.
Que Nossa Senhora, a grande peregrina da fé, que viveu como perfeita discípula do Senhor e Mãe dos missionários, nos ensine a caminhar ao encontro do seu Filho. Que ela nos ajude a percorrer com confiança, alegria e renovado compromisso todas as etapas da fé, de Nazaré ao Calvário, chegando à gloriosa Ressurreição.
Que o Divino Espírito Santo, que guiou Maria e a Igreja, que foi o vento impetuoso no Novo Pentecostes do Concílio Vaticano II, nos confirme na fé, e nos ajude não só a guardá-la, mas manifestá-la com empenho e ardor.
Calendário do Ano da Fé
  • 6 de outubro de 2012: Encontro Pátio dos Gentios em Assis, Itália, com o tema “Deus, esse desconhecido”.
  • 7 a 28 de outubro de 2012: Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre “Nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
  • 11 de outubro de 2012: Abertura do Ano da Fé na Praça São Pedro.
  • 21 de outubro de 2012: Canonização de seis mártires e testemunhas da fé.
  • 25 e 26 de fevereiro de 2013: Congresso Internacional em Roma, sobre o tema “São Cirilo e São Metódio entre os povos eslavos”.
  • 18 de maio de 2013: Vigília de Pentecostes, presidida pelo Papa com a participação dos movimentos eclesiais.
  • 2 de junho de 2013: O papa presidirá a solene adoração eucarística e em todo o mundo, dioceses, paróquias e outras comunidades serão convidadas a promover adorações.
  • 22 de junho de 2013: Concerto na Praça de São Pedro para celebrar o Ano da Fé.
  • 23 a 28 de julho de 2013: Jornada Mundial da Juventude, na Rio de Janeiro, com a participação do Papa.
  • 29 de setembro de 2013: Jornada dos Catequistas e recordação dos 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica.
  • 13 de outubro de 2013: Celebração em honra de Nossa Senhora, presidida pelo Papa, com a participação das associações marianas.
  • 24 de novembro de 2013: Celebração conclusiva do Ano da Fé.

* Retirado da Revista Ave Maria, ano 114, outubro de 2012, pág. 24 e 25.

Mensagem do Pe. Xico


GED de Campina Grande PB


Carta do mês de outubro de 201

 

Carta do mês de outubro de 2012
Carta MCC Brasil – Out 2012 – (158ª.)

Carta MCC Brasil – Out 2012 – (158ª.)
“O Senhor disse a Abrão: “Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar” (Gn 12, 1).
 “Então, com coragem, Paulo e Barnabé declararam: Era preciso anunciar a palavra de Deus primeiro a vós. Mas, como a rejeitais e vos considerais indignos da vida  eterna, sabei que vamos dirigir-nos aos pagãos. Pois esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu te constitui como luz das nações, para levares a salvação até os confins da terra’” (At 13, 46-47).
                                                                                    
Meus muito amados irmãos e irmãs, discípulos (as) missionários (as) da Boa Notícia do Senhor Jesus Cristo nesta nossa complexa e desafiadora mudança de época e de cultura:

Mês de outubro. Mês das Missões. Mês do missionário, da missionária. Ao falar em “missão” falamos em Evangelização. Evangelizar é a missão fundante da Igreja. Evangelizar é proclamar ao mundo, à humanidade a BOA NOTÍCIA do Reino de Deus, ou seja, do próprio Senhor Jesus: “... e toda língua confesse ‘Jesus Cristo é o Senhor’ para a gloria de Deus Pai” (Fl 2,11). Evangelizar é ser, ao mesmo tempo, discípulo e missionário. Pelo menos desde o Concílio Vaticano II até os mais recentes Documentos do seu Magistério, tem sido esta a mais insistente tônica da mensagem da Igreja Católica. E, para este ano, traz o mês das Missões alguma novidade? Alguma outra motivação? Algum outro elemento que possa suscitar nos seguidores de Jesus um novo entusiasmo ou fazê-los descobrir “novas expressões, novos métodos e um novo ardor”, como disse João Paulo II?
Eis que o Espírito Santo, que “renova a face da terra”, inspira o tema para a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento XI para os dias 7 a 28 deste mês. Assim se expressam os “Lineamenta”[1] referindo-se à urgência de uma nova evangelização nos dias de hoje: “Nas últimas décadas tem-se falado também da urgência da nova evangelização. Tendo presente a evangelização como horizonte comum da Igreja, bem como a ação de anúncio do Evangelho ad gentes, que requer a formação de comunidades locais, de Igrejas particulares, nos Países missionários de primeira evangelização, a nova evangelização é, antes de mais, endereçada a quantos se afastaram da Igreja nos Países da antiga cristandade. Tal fenômeno, infelizmente, existe em vários graus, mesmo nos Países onde a Boa Nova foi anunciada nos últimos séculos, mas que ainda não foi suficientemente bem acolhida a ponto de transformar a vida pessoal, familiar e social dos cristãos. As Assembleias especiais do Sínodo dos Bispos, em nível continental, celebrados em preparação do Jubileu do Ano 2000, evidenciaram esse fato”.
E, continuando, o mesmo documento afirma que: “Este é um dos grandes desafios para a Igreja universal. Por isso, Sua Santidade Bento XVI, depois de auscultar a opinião dos seus irmãos no episcopado, decidiu convocar a XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã, que se realizará de 7 a 28 de Outubro de 2012. Retomando a reflexão até agora realizada sobre o argumento, a Assembleia sinodal terá por objetivo analisar a situação atual nas Igrejas particulares, para traçar, em comunhão com o Santo Padre Bento XVI, Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja, novas formas e expressões da Boa Notícia que devem ser transmitidas ao homem contemporâneo com renovado entusiasmo, próprio dos santos, alegres testemunhas do Senhor Jesus Cristo, «Aquele que era, que é e que há de vir» (Ap. 4, 8). É um desafio a retirar, como o escriba que se tornou discípulo do Reino dos céus, coisas novas e coisas antigas do precioso tesouro da Tradição (cf. Mt. 23, 52)”.
Visando a nos ajudar a assumir estes desafios, aqui vão alguns pontos, juntamente com a sugestão de um itinerário que julgo pertinentes para este momento.


1. DESENVOLVER uma mentalidade missionária. Relativamente fácil é “sair em missão” em épocas especiais e em determinadas circunstâncias, por exemplo, visitando as famílias da paróquia levando a Palavra de Deus, promovendo dias de oração pelas Missões, fazendo coletas com esta finalidade, etc.. Se tudo isto é importante, entretanto, alguns gestos não bastam para a tarefa que o Senhor nos confia. É necessário criarmos uma “mentalidade missionária”, quer dizer, introjetar na mente a convicção de que toda a sua vida, todas as suas ações, a sua maneira de pensar, de tomar decisões, enfim de reger a sua vida, devem fundamentar-se na sua condição de missionário, de missionária. Filho de Deus, sim! Filha de Deus, sim! Discípulo e discípula, sim! Missionário, missionária, sempre! Vejam se o itinerário abaixo apresentado pode ajudá-los:

2. SAIR, ESVAZIAR-SE.

2.1. SENTIR-SE CHAMADO (A). É o primeiro passo. Não só ocasionalmente, mas, como os apóstolos, chamados permanentemente com a consciência de “enviados” para o anúncio perseverante da Palavra; embaixadores de Jesus junto às “ovelhas perdidas” do mundo, não só nas horas vagas (nas tais horas de “apostolado”), mas na tessitura mais profunda da vida. Assim, pouco a pouco, sob a ação transformadora do Espírito Santo, vai-se criando uma “mentalidade missionária”. Para isso é urgente o passo seguinte:
2.2. APRENDER a RENUNCIAR. Despojar-se, esvaziar-se de tudo quanto é supérfluo; livrar-se de pesos inúteis: da vaidade, do orgulho, de uma certa convicção de achar-se “dono da verdade”, de certas devoções e de algumas expressões de piedade tradicionais que só servem para conduzir a um “egoísmo espiritual” absolutamente estéril para os caminhos da missão. É assim que Jesus nos quer e nos envia hoje, como aos apóstolos primeiros: “De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento” (Mt 10, 8b-10).

3. ANUNCIAR. Sobre o “anunciar” hoje a Palavra de Deus, nada se apresenta mais oportuno do que toda a Terceira Parte da Exortação Apostólica VERBUM DOMINI: “A Missão da Igreja: anunciar a Palavra de Deus ao Mundo”. Sem outro comentário, termino deixando à reflexão “missionária” dos queridos leitores e leitoras, neste “mês missionário”, parte de dois parágrafos basilares.

3.1. ANUNCIAR O “LOGOS DA ESPERANÇA”. “O Verbo de Deus comunicou-nos a vida divina que transfigura a face da terra, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21, 5). A sua Palavra envolve-nos não só como destinatários da revelação divina, mas também como seus arautos. Ele, o enviado do Pai para cumprir a sua vontade (cf. Jo 5, 36-38; 6, 38-40; 7, 16-18), atrai-nos a Si e envolve-nos na sua vida e missão. Assim o Espírito do Ressuscitado habilita a nossa vida para o anúncio eficaz da Palavra em todo o mundo. É a experiência da primeira comunidade cristã, que via difundir-se a Palavra por meio da pregação e do testemunho (cf. At 6, 7 (VD 91).
3.2. VOCAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS: “Os fiéis leigos são chamados a exercer a sua missão profética, que deriva diretamente do baptismo, e testemunhar o Evangelho na vida diária onde quer que se encontrem. A este respeito, os Padres sinodais exprimiram «a mais viva estima e gratidão bem como encorajamento pelo serviço à evangelização que muitos leigos, e particularmente as mulheres, prestam com generosidade e diligência nas comunidades espalhadas pelo mundo, a exemplo de Maria de Magdala, primeira testemunha da alegria pascal». Além disso, o Sínodo reconhece, com gratidão, que os movimentos eclesiais e as novas comunidades constituem, na Igreja, uma grande força para a evangelização neste tempo, impelindo a desenvolver novas formas de anúncio do Evangelho” (VD 94).

Com meu abraço fraterno, invoco sobre todos os meus queridos irmão e irmãs, a proteção da primeira discípula missionária, a Virgem Maria e todas as bênçãos do “Logos da Esperança” que anunciamos: o Senhor Jesus.



Pe. José Gilberto BERALDO
II Assessor Nacional Adjunto MCC Brasil
E-mail: jberaldo79@gmail.com